terça-feira, 21 de março de 2017

Reintrodução e abandono

No último post fiquei de voltar aqui para contar sobre minhas últimas percepções sobre o Whole 30, contando um pouco sobre a etapa de reintrodução e os dias seguintes à ela.

Fiz a reintrodução exatamente como manda o livro: acrescentando um grupo de alimentos cortado em um dia e retornando ao whole 30 por dois dias até o próximo grupo ser reintroduzido, para observar bem seus efeitos. Alguns sintomas percebi claramente a associação aos alimentos reintroduzidos. Outros fiquei na dúvida - até pela série de preconceitos que já temos sobre os alimentos: será que aquela espinha chata foi de fato culpa do saco de pipoca que devorei na véspera ou foi obra do amendoim de 5 dias atrás? Ou será que foi o simples fato que passei um protetor solar no rosto que não é o meu do dia a dia e estou culpando o milho à toa? As unhas voltaram a ficar quebradiças (dor. quanta dor.) e foi difícil determinar o que teria prejudicado elas.

Isso foi meio decepcionante, mas me estimulou a observar mais minha alimentação (e a reação do meu organismo) em vez de simplesmente abandonar esse projeto. Só que já havia uma etapa de abandono prevista: minha viagem para a Espanha (posts em breve! ieiii!).

E com ela veio uma reflexão adicional à minha listinha de aprendizados, que até deve estar escrita no livro do Whole 30 mas sentir na pele é sempre mais impactante: eu não me dou conta do que como. E não estou falando só de ingredientes (embora comer quase que exclusivamente em restaurantes tenha me deixado bem menos controladora desse aspecto). Como era de se esperar, na primeira semana da viagem teve um dia em que passei mal (nada demais, mas visivelmente associado a alimentação, vocês entendem o que estou falando). e depois fiquei pensando no que tinha comido naquele dia. NAQUELE DIA. Eu achei que tinha ficado numa boa, porque andei muito e não tive nenhuma refeição que me fez sentir ogra mas quando comecei a relembrar foi uma chuva de "ih é, paramos para um sorvete aquela hora" e "é verdade, acabei tomando cerveja no almoço". Não vou listar tudo porque realmente foi muita coisa e já não lembro, mas fato é que não consegui arrumar um inimigo para receber toda a culpa do meu mal estar senão minha falta de controle sobre como tudo aquilo estava se somando no meu sistema digestivo.

Não me arrependo. De certa forma, houve sim uma consciência. De que estava em uma viagem e iria priorizar as experiências que ela poderia me trazer sobre a minha intenção de manter a alimentação regradinha. Isso inclusive foi a premissa que determinou a data que iniciei os 30 dias. Mas é sempre impressionante ver quantas concessões somos capazes de fazer em um só dia sem nos dar conta. Afinal, aqui em casa eu já estava comendo ovo no café, salada no almoço e um jantar bem ok antes de começar o programa. Como ele poderia ter feito tanta diferença? A resposta é que o diabo está nos detalhes.

Estou de volta, com uns quilinhos a mais (não me pesei ainda, não me pressionem!) e um shape mais parrudo e não sei dizer exatamente quais meus próximos planos para minha alimentação. Sei que em momentos da viagem revi minhas fotos de pratos da dieta e fiquei com vontade de comê-los. Que quando comi um tapa de huevos rotos fiquei com vontade de fazer em casa e não me senti uma péssima pessoa por estar comendo batata. Que me vi feliz por achar no supermercado local um tempero que que algumas receitas pediam e eu não encontrava por aqui. E que sem ninguém me pressionar ou sem nenhum juramento feito em cima de um livro, eu me vi ontem à noite fazendo guacamole para acompanhar meu frango grelhado com salada - e terminei a refeição feliz.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Dia 31

Contei aqui o que é esse tal de Whole 30 e por que fui convencida a encarar essa jornada de alimentação restrita - porém caprichada. Agora estou de volta com as tradicionais reflexões e aprendizados depois de vivenciar os trinta dias completos. Infelizmente o trabalho e a vida social como sempre esmagaram meus planos bloguísticos e o prometido post do dia 31 está vindo no dia 36 (ou melhor, no 6o dia da reintrodução). Desculpas à parte, vamos à enumeração:
  1. Não é (mesmo!) só sobre a balança. Já falei disso desde que contei minhas motivações e estou aqui para confirmar. Além dos 2.7 kg que foram pro saco, as roupas que ficaram largas, o queixo duplo que parou de aparecer nas fotos etc, etc, etc... foram noites bem dormidas, menos bocejos, mais risadas (ouvi no trabalho a seguinte frase "você está muito sorridente para quem está de dieta, hein?"), menos ansiedade - e consequentemente, maior autocontrole a cada dia que as guloseimas brotavam em minha frente, melhor humor em geral. Também percebi melhora na minha pele, cabelo e unhas (juro, fiquei impressionada com a resistência das minhas unhas) e no funcionamento interno do meu organismo (vocês sabem do que estou falando).
  2. Dá para emagrecer mais. Se você achou o que perdi pouco (eu, particularmente, fiquei bem impressionada!), saiba que - dentro dos alimentos permitidos pelo programa - eu comi para caramba. Levei lanchinhos pro trabalho (o recomendado é não comer entre refeições) e não fiquei medindo o tamanho das porções dos meus pratos. Adorei fazer do café da manhã uma refeição equiparável às demais (sempre quis e nunca tive coragem, me atendo normalmente a uma porção de fruta, mate e no máximo um único ovo) e quando fiz almoços bacanas de fim de semana com toda minha família repeti prato sem sofrer.
  3. A batata é nossa amiga! Uma amiga me passou um texto bem bacana (link aqui) de uma nutricionista desmistificando os tais alimentos milagrosos que são vendidos por aí com mil promessas inatingíveis. Eu completaria falando da demonização de alguns alimentos que não deveriam ser nossos inimigos públicos número um. Para mim a representação máxima desse bicho papão era a batata inglesa. Fugia dela como o diabo foge da cruz e ao mesmo tempo fazia vista grossa a alimentos mega industrializados cheios de ingredientes que não sei pronunciar. O whole 30 me mostrou que é possível emagrecer e me sentir melhor comendo batata - e não foi pouca não. Claro, não foi todo dia nem em quantidades homéricas, mas não hesitei em pedir uma batata assada para acompanhar minha carne quando fui no Outback (sem recheio, lógico), preparei peixe no forno com batatas, fiz batatas ao murro para acompanhar carne moída... E fui feliz!
  4. Vergonha na cara faz bem à saúde (financeira inclusive). Eu era do tipo que enchia o saco de namorado e amigos para irmos a um restaurante mexicano ou pedir um delivery de tanta vontade que sentia de comer guacamole. Mas nunca na minha vida eu tinha comprado um abacate para minha casa! Isso se estende para inúmeras comidinhas que não dão trabalho nenhum e que custam muito menos quando preparadas em casa, mas que para mim parecia que caíam prontas das árvores já com código de barras. Eu tratava o forno do meu fogão como uma máquina de fazer pão de queijo, e hoje sinto orgulho das bateladas de legumes variados (essencialmente batata doce, cenoura e aipim) que saíram de lá. E posso dizer que estou preferindo mil vezes a maionese caseira que aprendi a fazer do que o tradicional pote de Hellmann's. 
  5. Gordura boa (ainda) é subestimada. Não é só o azeite que ajuda a melhorar o HDL. Abacate, azeitonas e oleaginosas ganharam destaque no meu dia a dia e espero mantê-los nessa posição. Tentar lembrar dessa galerinha em vez de encher o prato de carboidratos é uma boa sim.
  6.  Nem tudo que reluz é ouro. Não ceder a nenhuma tentação por todos esses dias me fez perceber que existem guloseimas e guloseimas. Comer um brigadeiro de colher delicioso certamente traz mais felicidade que se jogar em um pacote de biscoito que está rolando há mais de uma semana na baia compartilhada do trabalho só porque 'hoje estou muito estressada'. E rejeitar uma fatia de pepperoni da Pizza Hut que se apresentou na minha frente pensando que 'hoje não estou com tanta vontade, e quando eu realmente quiser é só pedir' abriu bastante minha cabeça para quantas vezes eu comi besteiras só porque elas estavam lá, como se fosse uma oportunidade única - e na maioria das vezes não era. Afinal, eu sei fazer um brigadeiro de colher decente e sei o caminho até minha pizzaria preferida. E aconteceu de ouvir sussurros de amigas em confraternizações da firma para dizer "os docinhos não estão tão gostosos quanto parecem".
  7. O açúcar está em toda parte. Descobri que com certeza comi açúcar sem perceber quando tentei ficar quatro meses sem a sacarose. Como tinha dito no post do link, nessa ocasião não me estressei com os ingredientes dos pratos dos restaurantes nem preparados por outrém. E logo de cara li no livro do whole 30 que a maioria das linguiças e bacon têm açúcar! Fui chocada no mercado checar o rótulo do paio Perdigão (que minha avó diz que é o melhor) e lá estavam as seis letrinhas temidas. Ou seja, feijoada tem açúcar. Lidem com isso. P.S.: comi cozido na casa da minha avó porque ela fez com linguiça schueler, que passou na prova do rótulo ;)
É isso, caros leitores! Terminando a fase de reintrodução eu volto aqui para contar o balanço do que me fez mal e o que não me fez nada. Amanhã é dia de laticínios - cruzem os dedos para eu comprovar que queijos não me fazem mal!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Whole 30


E lá vou eu de novo experimentar restrições alimentares em busca de autoconhecimento e reflexão, dessa vez sem partir somente da minha cabeça e seguindo a metodologia do livro que deu nome a esse post. Como fiz nos meus meses sem açúcar, ia esperar acabar o período de restrição para vir ponderar minhas reflexões. Estou hoje no dia 23 da desintoxicação - e já estou borbulhando de impressões e surpresas que quero compartilhar com vocês. Porém antes de iniciar minha futuramente tradicional listinha de aprendizados quero falar mais sobre esse tal Whole 30.

O programa (como os gringos gostam de chamar esse processo) busca 30 dias de uma alimentação natural, saudável e livre de potenciais inflamatórios que atrapalham a vida de muita gente. Depois desse período, há uma reintrodução gradual, grupo a grupo, dos alimentos que foram restritos no mês de dieta. A ideia é mapear de forma empírica exatamente quais sintomas são causados por quais alimentos, sintomas esses que muitas vezes passam despercebidos ou que não associamos com nossa alimentação - e que são amplificados após um longo período de 'detox' em que tudo vai bem com nosso organismo. E ao final de tudo, você ficará muito mais tranquilo para decidir se não comer aquele queijo/massa/chocolate apetitoso na sua frente faz sentido para você ou não.

"Ah, mas tem um exame de sangue que diz isso". Sim, é verdade, por uma não-tão-módica quantia (que eu saiba, mas sinta-se livre para corrigir) é possível fazer um exame que vai dizer a quais alimentos você tem intolerância. Mas não vai te dizer se essa intolerância vai vir na forma de piriri, de acne, de inchaço, de cansaço ou de tudo junto. E muito provavelmente você vai ter mais de um alimento prejudicial. Então o que fazer com os resultados? Cortar permanentemente cebola da sua vida, complicando sua ida a restaurantes e casas de outrém sem nem saber o que diabos ela te faz de mal? Testar ficar sem ela e julgar no meio de tantos outros incômodos se ela te atrapalha? Lógico, cada um sabe de si e isso pode funcionar muito bem para algumas pessoas. Mas para a minha realidade, de constante queixa de pequenos incômodos digestivos, de pele, alergias respiratórias e bocejos - porém sem nenhum sintoma grave a ponto de preocupar meus médicos - o formato do whole 30 pareceu cair como uma luva.

Whole 30. Eita nome chatinho de pronunciar. Podiam muito bem ter traduzido, mas como? Não tenho boas sugestões, porque aqui entendo que a palavra whole tem duas funções. A primeira, no sentido de inteiro, trata da importância de se cumprir o programa em toda a extensão prevista, sem fraquejar. Mas não deixo de achar que existe uma segunda, no sentido de integral, palavra tão associada a uma boa alimentação. Interpretação um tanto irônica se você pensar que grãos, mesmo integrais, são considerados potenciais inflamatórios (o que não quer dizer que eles façam mal para você necessariamente) e portanto excluídos do programa. Talvez a palavra que estou buscando não seja integral, mas íntegro, ou talvez eu me veja de volta a inteiro, por que aqui vamos sempre preferir escolher alimentos que são em si ingredientes. Tomate em vez de molho de tomate. Oleaginosas em vez de barrinhas de 'nuts'. E se você quiser comprar um alimento processado, vai ter que ler o rótulo, que deverá se adaptar inteiramente às regras do programa, sem exceções.

Parando de tergiversar: quais são as regras do tal whole 30?
  1. Nada de açúcar adicionado - nem mel, nem karo, nem maple syrup. Essa condição serve para cortar o ciclo vicioso de estar sempre buscando por comida, fora os males causados pelo açúcar em si. O programa também corta adoçantes, que aparentemente mais atrapalham que ajudam (eu nunca fui fã deles mesmo...).  
  2.  Sem álcool - não precisa explicar muito. Além do que já sabemos, cortar o álcool ajuda a ficar na linha ao longo dos 30 dias.
  3. Nada de cereais - trigo (ou seja, pão, macarrão, pizza, empanados em geral...), aveia, milho, arroz (mesmo integral), quinoa estão fora. "Quinoa?? Como se faz dieta sem quinoa??"
  4. Sem leguminosas (não confundir com legumes!) - desesperadora essa aqui. Nada de feijão (amo), soja (sem shoyu ou missoshiro), ervilhas, lentilhas... e amendoim! Pois é, amendoim é mais primo da soja e da lentilha que da amêndoa e das castanhas... Mas só para esclarecer de novo, cenoura, batata, batata doce, berinjela, abobrinha, tomate etc podem e devem fazer parte da alimentação do whole 30.
  5. Sem laticínios - imagino que esse seja o maior fator de desistências. Ficar sem queijo. Nada de versões sem lactose, não é só isso que eles pretendem cortar.
"Mas isso é maluquice! O que você come então?"
Fiquem tranquilos, estou me alimentando bem, e de quebra aprimorando minhas habilidades na cozinha.

Macarrão de Abobrinha com Fraldinha Grelhada
Moqueca da mamãe com batata doce e salada :)
Carne moída incrementada com cogumelos paris, azeitonas e linguicinhas e batatas cozidas (viraram 'ao murro' depois)
Café da manhã preferido: ovos poché, manga e avelãs

Ou seja: as regras assustam, mas não é uma dieta maluca em busca de perda de peso rápida - embora ficar longe de doces e massas dê uma ajudinha no shape (mesmo comendo batata inglesa!). Estou dormindo melhor, com mais energia e sem passar fome. E aprendendo muito sobre meu organismo no caminho.

"Mas você come de três em três horas? Tem porções específicas para cada grupo alimentar? Pode comer batata todo dia?" Não precisa sofrer com nada disso. As regras inflexíveis são as cinco lá de cima. Comeu um amendoim no dia 20, tem que recomeçar do zero. De resto, vai da sua disposição. O livro vai dar opinião em tudo, mas sempre com a ressalva de que cada um é cada um.

Agora é só completar mais oito dias (contando hoje) sem fraquejar - e semana que vem estou de volta para dar pitacos sobre meus 30 dias :)

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Parque Olímpico - Dia 01


Resolvi fazer esse relato por aqui porque antes de ir ao Parque Olímpico eu estava cheia de dúvidas e curiosidades e se não tivesse comprado ingressos justamente para o primeiro dia (Sábado, 06/08) gostaria de ter lido algo nessa linha antes de ir. Então segue aqui meu depoimento sobre meu passeio (junto com minha mãe) para ver uma etapa classificatória da Ginástica Artística Masculina.

Chegando lá

A maior parte das minhas dúvidas se referiam ao acesso. Eu já tinha adquirido os tais do "Rio Card dos Jogos" (25 reais para um dia, 70 reais para 3 dias e 160 reais para 7 dias), mas não sabia muito mais detalhes. Como me colocaram o maior terror sobre esse acesso, fizemos uma concentração desde cedo lá pela Barra e acabei não pegando a linha 4 do metrô. Logo cedo descobri que:
  1. As estações do BRT do caminho dos jogos estão funcionando exclusivamente para isso. Tinha pensado em fazer um passeio pela Barra usando o BRT de manhã, mas não teria dado muito certo.
  2. Precisa sim apresentar o ingresso do evento além do Rio Card para acessar essas estações. Como não ia levar minha entrada no evento para passear, foi mais um ponto que cortou meu "passeio matutino de BRT".
  3. Os ônibus do BRT saíam um em seguida do outro e o trajeto é bem rapidinho (vinte minutinhos). Após sair do Jardim Oceânico para somente nas estações Bosque Marapendi e Barra Shopping; bem diretão pros jogos mesmo.
  4. Se você quer ir sentado, pegue o BRT no Jardim Oceânico. Todos pareciam sair bem lotados de lá.
Passageiros em pé ainda na estação Jardim Oceânico

Não dava para embarcar na Bosque Marapendi e ir ao Jardim Oceânico para passear

Outra preocupação minha era com os itens proibidos. Por isso, deixei o pau de selfie e a câmera maiorzinha em casa e separei lanchinhos industrializados e com embalagem fechada como eles sugeriram. Zero problemas no raio X, que foi bem rapidinho por sinal. Vale a pena levar muitas comidinhas, pois a fila para comida está sendo o principal ponto negativo do parque. Ah, levamos também duas garrafinhas de água para o trajeto BRT + caminhada - embora já soubéssemos que teríamos que descartá-las antes de entrar. Mas não se desespere: há bebedouros espalhados pelo parque.

UPDATE! (08/08) Amiguinhos do facebook me alertaram que é possível entrar com as garrafinhas vazias no parque e ir enchendo nos bebedouros. Adorei! Vou fazer isso na próxima ida com certeza.

Barrinhas, Polenguinho e Biscoitinhos rechearam nossa mochila de guloseimas

A caminhadinha da estação final do BRT à entrada do Parque Olímpico não foi tão longa quanto eu esperava, mas envolve subida e descida de escadas. Se você estiver acompanhado de alguém com mobilidade reduzida, há um ônibus especial para esse trajeto. O ônibus deixa na entrada do Parque (fila para Raio X etc) e ao entrar tem-se à disposição cadeiras de rodas e carrinhos de golfe.

Ponto do Ônibus da Mobilidade


O que fazer lá


O parque é enoorme com todas suas Arenas de nomes bem confusos (Arena Rio, Arena Carioca...) e duas principais áreas de convivência: a Praça do Espectador - mais próxima à entrada e abrigando a Megastore, e a Rio 2016 Fest - no extremo oposto da entrada, com seus gramados sintéticos e telões passando jogos.


Praça do Espectador e suas longas filas para comprar comida

Rio 2016 Fest - telões, gramado sintético e vista bonita

Canga é o acessório mais útil da vida

Chegamos em torno de 16h e estava tudo lotado. Fila até para entrar na Megastore. Mas depois de assistirmos nossa sessão, conseguimos ainda conhecer algumas atrações dos patrocinadores que permitiam fotos com mascotes, tocha, etc.

Na casinha do Tom e do Vinícius

A gente não quer só comida :(

Boa parte das áreas de convivência são ocupadas por quiosques de alimentação e caixas que vendem fichas para tal. Não vou nem criticar os preços bem acima do mercado (porém dignos de Rock in Rio e afins). O grande problema é a desorganização e demora (MUITA demora) para comprar comidas e bebidas. Ficamos uma hora para comprar ticket de sanduíche e bebida e na hora de buscar o lanche "não temos mais água, a senhora tem que se dirigir a outro quiosque". E se nenhum quiosque tiver? Pode rasgar o ticket (o seu dinheiro, no caso) - pois o mesmo não é válido para outros dias de Parque. Ultrajante.

Caixas Volantes estavam lá para desafogar as filas, mas ainda assim não davam conta da demanda




Há entretanto algumas alternativas para quem não trouxe lanchinhos de casa, como o Café Leão (as filas me pareceram mais aceitáveis, embora eu não tenha encarado para recomendar ou não) e vi um mercadinho em algum lugar.


Enfim, a ginástica!

Nos surpreendemos com mais uma mega fila no acesso à Arena Olímpica do Rio (mais conhecida como Ex-HSBC Arena). A fila chegava até a entrada do Parque e dava voltas! Essa pelo menos não demorou para andar, mas deu para observar uns espertinhos se fazendo de desentendidos e furando a fila lá na frente. Dentro da arena, novos quiosques de alimentação que me contaram que - pasmem - não aceitam os tickets lá de fora ou de outras arenas. Resultado: mais fila! Pelo menos os banheiros estavam limpinhos e sem fila, dentro e fora das arenas.

O espetáculo em si foi excelente. Ginástica tem tudo a ver com os Jogos Olímpicos e é muito impressionante ver tudo na sua frente. Achei que ia ficar totalmente perdida, mas tinham comentaristas explicando os detalhes para os leigos nas caixinhas de som.


Momz e os aparelhos

Vista do topo!

Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo!



Saldo do dia: diversão apesar da desorganização. Na próxima ida serei muito mais cautelosa!


domingo, 17 de julho de 2016

Dois Irmãos


Retomando minha meta de conhecer as trilhas não muito ousadas do Rio, fui com minha prima e um amigo na trilha do Dois Irmãos.

Para quem não conhece o Rio de Janeiro, o morro Dois Irmãos é um ícone da Zona Sul, visto de forma privilegiada nas praias de Ipanema e Leblon e também facilmente vislumbrado da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Quando fiz a trilha da Pedra Bonita fiz a foto abaixo do dois irmãos que ficou entre minhas queridinhas:

Dois Irmãos visto da Pedra Bonita

Pois bem, quem curte uma linda vista sem muitos desafios ficará contente em saber que é possível chegar ao cucuruto do Dois Irmãos sem equipamentos de escalada.

O passeio começa na comunidade do Vidigal, onde se pega uma kombi ou moto taxi até o início da trilha de fato. Não tirei muitas fotos do caminho mas o blog "Não Paro Quieta" registrou bem o acesso à trilha. Pegamos o atalho mencionado no post acima, começando já de uma altitude maior, mas na volta descemos até a entrada principal - atrás do campo de futebol.

Já cansadas e bronzeadas (dentro do possível) ao final da trilha

A intensidade das subidas não é muito maior que da Pedra Bonita ou do Morro da Urca, mas a parte de mata fechada termina logo - por isso é bom fugir do sol escaldante. A falta de mata também torna a trilha mais propensa a derrapadas (terra fina e solta na pedra não dá muito certo), mas nada que possa causar um acidente. De toda forma, vale a pena lembrar de botar um tênis legal (sem essa de havaianas!) e se preparar psicologicamente para espalhar terra na sua roupa.

No caminho temos um mirante com vista impressionante para São Conrado e Rocinha.

Quase na metade da trilha!

Rocinha

Com aquele impulso dos meus companheiros fitness, completamos a trilha em 50 minutos. Ao chegar no cume, fomos recompensados com uma vista ímpar da Zona Sul. 

Vista do topo 

Pão de Açúcar

Cagarras

Pedra da Gávea e Pedra Bonita

Como não poderia faltar, a trilha também proporciona alguns cliques presepeiros. Mas se você quiser garantir a pose melhor chegar cedo. Não tem muito espaço no topo e enche rápido!

Descanso merecido

Difícil conseguir foto exclusiva a essa altura

Como não tem muito para onde ir, as fotos ficam meio parecidas. O jeito é brincar com zoom e observar detalhes da cidade.

Niemeyer e os mirantes do Alto Leblon

S2 - O Coração da Lagoa e o relevo carioca

São Conrado, Joá e Barra

Balanço final - trilha altamente (badabumtss) recomendada. Um pouco menos evidente que Pedra Bonita, Morro da Urca e Cantagalo, mas não chega a ser complicada. Uma ótima maneira de aproveitar aquele sábado de sol.

Quase que faltou foto com o Igor!

Espero voltar em breve com mais registros de passeios assim :)

domingo, 26 de junho de 2016

Bennie and the peppers

Arte da capa do álbum The Geataway - Fonte: site da Warner Music

A vantagem de dedicar boa parte de sua adolescência a um fanatismo (no meu caso, a uma banda) e colecionar matérias de revistas, fita cassetes e informações inúteis, mencionando-as constantemente como se todo mundo fosse compartilhar do seu interesse é que a partir de um momento você não precisa mais procurar.

Hoje, todo mundo que me conheceu na minha adolescência me avisa, me compartilha, me marca em conteúdo relacionado aos Red Hot Chili Peppers. E disseram que saber a data de aniversário da filha do Flea não ia me levar a lugar nenhum...

Pois bem, os Chili Peppers acabaram de lançar um disco novo e eu pude acompanhar o lançamento sem muitos esforços (with a little help from my friends, lógico) e com isso vi a arte da capa, li críticas do álbum, vi ações promocionais tudo antes de escutar as músicas com calma. E numa dessas li uma notícia bem empolgante: que uma das músicas teria sido em parceria com ninguém menos que Elton John e Bernie Taupin!

O tempo passou um pouco e o hype do álbum se transformou em hype do primeiro single, Dark Necessities, com clipe e tudo e eu mesma acabei esquecendo da parceria lá de cima. Até que finalmente fui ouvir o disco, novamente graças a um amigo e seu spotify sempre a postos, quando uma das músicas deixou nossas anteninhas em alerta:
     - Essa música não lembra...
     - Bennie and the Jets!

Corremos para ver se não era a tal parceria e foi tiro e queda.

Depois pesquisei um pouquinho sobre a história e pelo que me parece, quando eles perceberam a semelhança entre as músicas colocaram Elton e Bernie Taupin como co-Autores, além de chamar Elton John para gravar o piano do disco. Uma solução muito mais elegante que What I Got do Sublime que fica lá só sendo igual a Lady Madonna e pronto.

Se vocês ainda não sabem do que estou falando, tirem suas próprias conclusões com os vídeos abaixo, que pulam as introduções para comparação dos vocais:

Bennie and the Jets

Sick Love

Bom, radicais podem me julgar agora, mas sabem que acho que funcionou?

Ah, ok, sou parcial quando se trata de RHCP, mas achei que aproveitar essa melodia linda do verso de Bennie and the Jets com um refrão à la Can't Stop (ralentado, lógico) ficou ótimo. E com uma letra fazendo menção às terras de Oz (não é só o Elton que influenciou a banda), claro que ia virar meu xodó do disco.

Goobye yellow brick road, hello The Getaway.

domingo, 19 de junho de 2016

Winnie-the-Pooh


Ainda na minha deliciosa missão de ler os clássicos infantis e entender o que fizeram deles clássicos, trago aqui algumas notas sobre uma obra que de tantas versões pouca gente lembra que já houve um livro: Winnie-the-Pooh.

Sim, sim, estou falando sobre o Ursinho Puff, consolidado como personagem de desenhos da Disney. E me parece perda de tempo explicar que se trata das situações vividas pelos bichinhos (de pelúcia) do Christopher Robin, enquanto você provavelmente está aí decidindo se seu preferido era o Tigrão ou o Leitão. Mas, correndo o grande risco de soar repetitiva, em verdade vos digo: a leitura do livro de A. A. Milne proporciona sorrisos e até gargalhadas que se perdem nas adaptações.

As deliciosas ilustrações de Shepard, que veio a odiar o ursinho Pooh e o impacto em sua carreira, alegram a leitura

Como Carroll, Milne brinca muito com as palavras - suas sonoridades, a pluralidade de significados que elas podem ter... E isso naturalmente se perde em adaptações, e no mínimo exige muita criatividade dos tradutores. É o caso dos Efalantes e das Danonhas (Heffalumps e Woozles), representações de formas fofas que crianças falam algumas palavras longas e complicadas (no caso elefantes e doninhas). O sotaque britânico parece tornar essas misturas ainda mais frequentes e mais uma vez me vi lendo em voz alta para entender por que que quando o Christopher Robin chamou Pooh para uma expedition, Pooh respondeu "What's an Expotition?".

No mesmo capítulo os bichinhos saem pela floresta à procura do Pólo Norte (North Pole) e sem saber muito o que esperar, se dão por satisfeitos ao encontrar uma estaca (Pole, tipo Pole Dancing).

Where did you find that pole?

Lembro de ter aprendido no curso de inglês que a expressão "named after" era usada quando um nome era dado em homenagem ou referência a algo ou alguém. Eu ficava querendo forçar uma explicação de se usar uma palavra que significa depois dentro dessa expressão. Algo no sentido de "se meu nome foi em homenagem à Narizinho do Monteiro Lobato, meu nome só pode ter vindo depois do dela". Então "I was named after her". E assim memorizei a expressão, sem me preocupar com a veracidade da teoria.

Mas na ocasião não me toquei que essa estranheza também pode ser sentida por nativos da Inglaterra e suas colônias. Afinal, crianças também levam um tempinho para se adaptar a essas nuances das linguagens e por isso muitas vezes prendemos o riso quando vemos elas criando frases que, convenhamos, fariam bem mais sentido do que as gramaticalmente corretas. E Milne aborda esse caso específico de uma forma hilária quando Piglet (Leitão) está insistindo que o nome de seu avô era Trespassers W:
Christopher Robin said you couldn't be called Trespassers W, and Piglet said, yes, you could, because his grandfather was, and it was short for Trespassers Will, which was short for Trespassers William. And his grandfather had had two names in case he lost one - Trespassers after an uncle, and William after Trespassers.
A lógica infantil de Pooh também serve de ilustração para a Teleologia de Aristóteles, em que tudo na natureza possui um propósito que justifica sua essência. No vídeo abaixo, vemos Michael Sandel citar um trecho do livro em sua aula sobre o filósofo grego.


That buzzing-noise means something. You don't get a buzzing-noise like that, just buzzing and buzzing, without its meaning something. If there's a buzzing-noise, somebody's making a buzzing-noise, and the only reason for making a buzzing-noise that I know of is because you're a bee. (...) And the only reason for being a bee that I know of is making honey. (...) And the only reason for making honey is so as I can eat it.
Não só de gracinhas é feito o livro. As histórias transbordam uma sensação de carinho. Carinho do pai (narrador) contando as histórias para o filho (Christopher Robin), carinho do Christopher Robin pelos seus bichinhos, carinho dos bichinhos entre eles... E o que é mais lindo: tudo contado como fatos verídicos, sem aquele alerta chamativo de que você está prestes a entrar em um mundo de "faz de conta". Dá praticamente para visualizar o Bill Watterson relendo esses livros e se inspirando para Calvin e Haroldo... Mas uma paixão por vez, e outro dia volto para falar dessa duplinha por aqui.