domingo, 19 de outubro de 2014

Na Estrada - França


Desde a nossa road trip pelo oeste americano tenho vontade de vir aqui escrever sobre a experiência de dirigir no exterior. Mas como ainda estou devendo 99% dos posts daquela viagem, vou falar sobre pegar estrada na França antes mesmo de contar a experiência americana.

Como contei no post do roteiro do Vale do Loire, alugamos o carro no aeroporto internacional mesmo (Roissy CDG) e passeamos na região dos castelos para depois devolver o carro em Paris. Não pretendo entrar em detalhes dessa burocra, mas se você tiver alguma curiosidade sobre o processo de locação pode deixar sua pergunta nos comentários!

Depois da experiência positiva nos EUA, decidimos que além de alguns mapas impressos (feitos no Google Maps mesmo) nosso GPS seria o aplicativo de celular Waze (link para o site oficial aqui), conectado via 3G por um chip francês comprado numa lojinha do aeroporto. Isso nos garantiu um trajeto bem tranquilo, quase sem nos perdermos.

Também planejamos o número de dias na região com uma certa folga, o que permitiu a gente curtir a estrada e as cidadezinhas em que esbarrávamos sem muita correria.

Casinha fofíssima na cidadezinha de Santeny

Em alguns momentos estacionamos o carro para curtir o entorno, detalhezinhos das cidades de interior que os franceses chamam de "la campagne" (o campo).


Casinhas parecidas

Dirigir na França nos surpreendeu com algumas particularidades.

Um dos destaques positivos foi a educação dos motoristas na estrada, praticamente todos dirigindo à direita exceto no momento da ultrapassagem. ATENÇÃO: o mesmo não vale para o entorno de Paris! Direção extremamente agressiva na entrada e dentro da capital.

Outro ponto que facilitava nossa vida era a quantidade enoooooooorme de rotatórias, que fez a gente até brincar que estava de saco cheio de ouvir o GPS falando do próximo "Rond Point" (pronuncia-se rõn puãn), mas que era muito mais tranquilo de se achar sabendo que a saída era a segunda da rotatória. 

Direção tranquila no Peugeotzinho à beira do Loire

Nem tudo eram flores entretanto e alguns pontos exigiram nossa atenção.

Uma delas é até bem previsível - no país do torneio de ciclismo mais famoso do mundo, é bem comum encontrar esses esportistas na estrada, muitas vezes bem ousados, em trechos apertados e de difícil ultrapassagem.

Ceda a passagem - Ciclistas treinando pro Tour de France (ou não, sei lá)

Outro ponto que nos assustou foi a pouca quantidade de placas indicativas da velocidade máxima, ainda mais se comparar com os extremamente sinalizados EUA. É bom dar uma estudada antes de ir, pois para o cidadão francês já é meio subentendido que:
  • nas principais Autoroutes (aquelas nomeadas com A, tipo A6, A19...) o limite é 130 km/h
  • nas estradas de mão dupla com separação (por uma mureta ou algo assim) entre as mãos o limite é 110 km/h
  • estradas sem separação são a 90 km/h
  • dentro das cidades o limite é 50 km/h,
  • também vimos o limite cair para 30 km/h próximo a escolas etc. ou aumentar para 70 km/h em outros trechos.
Fonte: o que eu entendi do Código Rodoviário Francês (link para o site oficial aqui).
POR FAVOR me corrijam se eu tiver falado besteira.

Placa de limite de velocidade - momento raro da viagem

O mais tenso disso era quando encontrávamos um radar e não sabíamos qual era o limite.

Na dúvida andamos a 22 km/h dentro dessa cidade fofa, pelo menos não levamos multa

Uma pausa aqui para falar que essa cidade (Ligny le Ribault) parecia de brinquedo :)

Olha que fofura

Uma das sinalizações que os franceses devem considerar suficientes são os indicativos de entrada e saída da cidade, para você automaticamente associar que pode passar de 50 km/h para 70 km/h ou sei lá como funciona isso direito.

Placa indicando que saímos de Ligny le Ribault na estrada D 61 - o limite de velocidade está subentendido

Outra surpresa foi o sistema de pedágio, que se revelou bem inteligente no final.

Nas estradas que pegamos, a taxa era calculada em função da distância percorrida na rodovia. Assim, havia duas cabines de pedágio, como num estacionamento de shopping:
  • uma na entrada, em que você aperta um botão e recebe um cartão e
  • outra na saída, em que você insere o cartão e a máquina te diz quanto você deve em função de qual acesso de entrada e saída você pegou.
Ao passar na primeira cabine nos assustamos achando que sem querer tínhamos passado sem pagar! Mas depois entendemos o sistema e nos tranquilizamos.

Não tivemos problemas para pagar o pedágio com cartão de crédito, embora eu não saiba dizer se todas bandeiras são aceitas. Mas também não há empecilho em pagar em espécie, sejam notas ou moedas.

Atenção: as vias marcadas com uma letra t laranja são para quem tem télépéage - dispositivo de pagamento de pedágio via ondas captadas por uma antena, como os nossos Via Fácil, Passe Expresso e outros. Veja animação demonstrativa no site autoroutes.fr.

Depois que deduzimos essas particularidades, foi só apreciar a paisagem: árvores e flores lindas da primavera, alguns trechos ainda com árvores sem folhas (se recuperando do inverno), animaizinhos, rios, castelos e cidades fofas.

Tons de rosa nas árvores que beiram a estrada da cidadezinha

Árvores exuberantes na floresta de acesso a Chambord

Resquícios invernais sob um céu de primavera

Fizemos amizades com uns bovinos peludos no caminho (alguém sabe que bichinhos são esses?).

Muuu

Tchau, amiguinhos

O trecho da estrada que era à beira do Loire foi especialmente agradável, pela linda vista do rio e por castelos aleatórios que apareciam em nosso caminho.

Wherever you're going, i'm going your way

Castelo não identificado à beira do Loire

Por estarmos em uma época em que o anoitecer acontecia pelas 20h30, tínhamos a vantagem de apreciar a luz de fim de tarde na estrada, após o fim das visitas dos castelos.

Luz lindona em Villandry

Noite ensolarada

Por fim, não poderia deixar de falar dos campos de Colza (planta responsável pela produção de óleo de canola).

Se no verão da Provence ficamos apaixonados pelos campos de Girassol e Lavanda, na região do Loire na primavera eram os mares amarelos das flores de Colza que alegravam nosso passeio.

Sabe quando a paisagem parece fundo de tela automático do Windows?

Colza em fast forward

Perturbei o Be para saltarmos e fotografarmos, mas era difícil encontrar local que desse pra encostar o carro e que fosse perto o suficiente dos campos para fotos legais.

Momento 1 de sair do carro para ver os campos

Momento 2 de sair do carro para ver os campos - sol forte na cara

Mas era na beira das rodovias que os campos atingiam sua beleza extrema. Ponto alto de pegar a estrada!


Vontade de dirigir sem rumo.

Retrovisor amarelado

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